O Patriarcado ortodoxo de Moscou, que rechaçou toda atividade caridosa e evangelizadora da Igreja católica como "proselitismo desleal", estaria disposta a dialogar sobre sua visão de "controle territorial" sobre a Rússia.

Conforme informa a agência russa Interfax, o Bispo Ortodoxo Alfeyev Hilarion, representante da igreja Ortodoxa russa perante as instituições européias e residente em Viena (Áustria), o conceito de "território canônico" poderia ser posto em discussão com o Vaticano.

A igreja Ortodoxa russa reclama que todas as nações que formaram parte da antiga União Soviética formam parte de seu "território canônico", e que portanto qualquer ação evangelizadora da Igreja católica nessas terras é um ato de "invasão" e de "proselitismo". Esta crença ortodoxa é o principal obstáculo no diálogo da Igreja com o patriarcado ortodoxo russo, e foi a razão que aduziu o Patriarca Alexis II de Moscou para bloquear o desejo do Papa João Paulo II de visitar a Rússia.

As tensões se incrementaram ainda mais quando a Santa Sé decidiu criar quatro dioceses em território russo em 2002.

Receba as principais de ACI Digital por WhatsApp e Telegram

Está cada vez mais difícil ver notícias católicas nas redes sociais. Inscreva-se hoje mesmo em nossos canais gratuitos:

Em suas declarações a Interfax, o Bispo Hilarion, um dos mais autorizados porta-vozes da igreja Ortodoxa, assinalou que o status das dioceses em "terras ortodoxas", assim como o das diocese ortodoxas em territórios de maioria católica requer "discussões sérias e elaboradas" no marco do diálogo católico-ortodoxo.

Hilarion reconheceu que "muitas pessoas do ocidente pensam que o conceito de 'território canônico' perdeu completamente seu sentido na realidade atual, porque os fiéis ortodoxos coexistem junto aos católicos, protestantes e representantes de outras denominações".

Esta é a primeira vez que um líder ortodoxo de alto nível abre a porta à possibilidade de revisar o conceito de "território canônico".

A nota de Interfax menciona que o Cardeal Walter Kasper, Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, "chamou à igreja Ortodoxa russa a mostrar a mesma abertura que os católicos estão mostrando em relação às paróquias ortodoxas na Europa ocidental e os Estados Unidos".